“A lembrança do silêncio
Daquelas tardes, daquelas tardes
Da vergonha do espelho
Naquelas marcas, naquelas marcas
Havia algo de insano
Naqueles olhos, olhos insanos
Os olhos que passavam o dia
A me vigiar, a me vigiar”
(Sady Homrich / Carlos Stein / Thedy Correa)
O país que sediará a Copa do Mundo 2014, é o mesmo que sofre com uma intensa exploração sexual de crianças e adolescentes que são vítimas diárias da negligência social e de um processo sócio-histórico no qual a segregação de classes criou uma “pseudo permissividade” do uso e abuso do corpo e sexualidade de outrem.
Nesta semana, especificamene dia 21 de maio, foi divulgada a capa da revista “Fabulous”, do jornal inglês “The Sun”, como se pode observar, a conotação a sexualidade da mulher brasileira, é estimulada incisivamente pela mídia internacional, como forma de incitar que o Brasil, é terra de mulher bonita, onde “tudo posso e tudo devo”.
Com esta perspectiva, o país é divulgado para o mundo. O Brasil como “terra de ninguém”, é um dos fatores para a propagação da violência e exploração sexual. A mulher vista como objeto, é retratada no período da Copa como uma das sete maravilhas que pode ser usufruída pelo turísta, como recepção de boas vindas ao país que pune os mais fracos e abre brechas a burguesia.
A presidenta Dilma Rousseff, no útimo dia 21, sancionou a lei que torna hediondo o crime de exploração sexual de criança, adolescente ou pessoa vulnerável. A tentativa, é de que seja reduzida consideravelmente o percentual de crianças e adolescentes vítmas deste crime, bem como, forma de revelar que a prática deste ato será punida de maneira severa e objetiva.
Crime hediondo é também a forma no qual o Brasil é visto e apresentado para mundo. O falso conservadorismo presente naqueles que argumentam que o país é entregue ao voyeurismo e prostituição, não condiz com as práticas que são realizadas por aqui. Quem nega um pensamento deve negar também uma ação, ou seja, quem afirma que o Brasil sofre de uma autoexposição por explorar a sensualidade, não deveria “utilizar-se” dela. Será mesmo que apenas no Brasil, há violência, sexo exacerbado e pobreza? A maior pobreza é não conseguir sustentar argumentos por serem vazios de conteúdo crítico e de ações.
É importante ressaltar que o tráfico humano, atinge múmeros alarmantes! Mais de 3 milhões de pessoas são vítimas desse tipo de crime, no qual 50% delas tem menos de 18 nos, 80% são exploradas sexualmente. No Brasil, foram identificadas 20 rotas de tráfico, segundo o Ministério da Justiça em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC).
Índices como os apresentados anteriormente, demonstram que o esteriótipo, a vulnerabilidade, as condições sociais e a luta de classes, interferem diretamente para que pessoas sejam “escravizadas” em pleno século XXI. Independentemente do contexto no qual seja refletido este tráfico, seja para o sexual, condições subumanas de trabalho, exploração, tráfico de órgãos, adoções ilegais, a escravidão se faz constante face a circunstâncias que revelam a carência excessiva dos menos favorecidos, o processo de exclusão e a servidão que se eterniza como forma de aceitação de uma vida predestinada à violência e a falta de oportunidades.
*Amanda Cristina Souza é estudante de Serviço Social da UFPB, estagiária no NCDH/UFPB e Poeta nas horas vagas.
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