A VIDA NÃO É UM PAGODE




Pedro Nunes Filho

ImageCom todo o respeito pelo espírito democrático da Sra. Prefeita de Monteiro, acho que ela não deve jogar para o povo a responsabilidade da decisão de fazer uma festa ou não. Os festejos juninos são sempre muito dispendiosos para cofres públicos combalidos como parecem ser os das prefeituras do Cariri paraibano, segundo relatos e queixas dos próprios prefeitos. O povão carece de mais discernimento e prefere sempre circo. O gestor público é quem sabe onde o sapato aperta e quais são as prioridades que devem ser atendidas. 

Sinceramente, diante de tanta penúria e pobreza que a seca trouxe, acho que não é momento para se pensar em festa. Pior ainda quando tais festas custam caro e desvirtuam por completo a cultura regional com o lixo musical de conjuntos que nada têm a ver com a vocação musical da região.

Se o povo desfrutasse de um mínimo de discernimento, bom-senso e politização iria responder NÃO a esta maldita consulta. Com certeza a enquete vai ser favorável à festa e, assim, cessa a responsabilidade do gestor público porque foi o povo quem decidiu. Que democracia é essa? Por que não administram fazendo consultas sobre outras questões? 

Quem é de fora percebe logo que se trata de um ato altamente inoportuno diante das necessidades do povo que precisa de saúde, educação e de-comeres,. Que insanidade é essa, minha gente?! Se o povo perdeu o juízo, as autoridades não podem embarcar nessa onda de festas, não. 

No meu entender, gestores públicos municipais se projetam pelo trabalho que realizam em áreas indispensáveis ao desenvolvimento de suas municipalidades, completamente desprovidas de infraestrutura e de incentivo ao trabalho e à produção.

A Prefeita Edna Henrique não deve se sentir pressionada por ninguém para fazer festas, pois todos os anos realiza um festival de cultura merecedor de aplausos, muito bem programado e suficiente para justificar os investimentos necessários na área de cultura. 

Festa de São João não combina com montanhas de carcaças de rezes mortas de fome que aparecem na beira das estradas poeirentas e em sítios longínquos onde o empobrecimento foi total e a miséria campeia. O verde que cobriu os arredores de Monteiro é ilusório. Estamos, sim, padecendo uma seca terrível e as perspectivas não me parecem boas. As previsões dão conta de irregularidades pluviométricas nos próximos 8 anos. Melhor seria prevenir e não gastar o pouco dinheiro público que chega com festas monumentais. Elas dão a entender que o povo e a região estão nadando em fartura. Esse comentário vale para Zabelê e muitas outras cidades onde os gestores dão a impressão que perderam o juízo ou entendem que bem-comum é festa. E não venham argumentar que os festejos juninos trazem dinheiro para a cidade que não trazem. Pelo contrário, arrastam uma grana da cidade. O povo de fora que vem para as festas são pássaros noturnos que chegam e partem de madrugada deixando as cidades sujas, depredadas e desfalcadas de grandes ver
bas pagas a bandas caras e vagabundas. Isso é uma realidade incontestável. 

O progresso vem do trabalho e não do ócio. Em nossa região, o povo perdeu o gosto pelo trabalho. Vive de migalhas ganhas dos cofres públicos federais. Trabalho é coisa do passado. Que politica é essa do Governo Federal e dos Governos municipais que não incentivam o trabalho como a única fonte de progresso e bem estar? Ao invés de o Ministério do Turismo mandar dinheiro para festas, que mande para educação. O mundo avança em tecnologias e o nosso povo, carente de educação, regrediu em matéria de conhecimento. A educação brasileira está muito longe dos padrões de países com os quais concorremos. Argentina, Chile, Peru, Uruguai e muitos outros da América Latina estão à nossa frente em matéria de educação. As prefeituras precisam educar o povo para estudar e não para farrear e viver de pagode em pagode como está acontecendo.

Juízo é bom e faz falta.  Principalmente na gestão pública.

Pedro Nunes É Auditor Aposentado da Receita Federal do Brasil, advogado e sócio do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco - IAHGP. Tem diversos livros publicados  sobre a região do Cariri paraibano.

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