Caramujos invadem a orla na Capital

Infestação de caramujos africanos está causando preocupação e transtornos a comerciantes, turistas e moradores da praia de Cabo Branco, em João Pessoa. Com reprodução acelerada no período chuvoso, esses animais têm capacidade de produzir até mil ovos de uma só vez e já começaram a invadir espaços públicos e privados da orla. Representantes de órgãos públicos alertam a população para cuidados.

Na avenida Cabo Branco, precisamente no trecho que fica entre o final das avenidas Epitácio Pessoa e Beira Rio, centenas de caramujos podem ser vistos com facilidade sobre calçadas, bancos, areia da praia e até sobre o tronco de coqueiros. Os animais já se multiplicaram ao ponto de interferir no funcionamento de alguns quiosques da área.

“A gente precisa deixar de fazer nossos trabalhos no bar, para poder ficar aqui fora, com um punhado de sal na mão, jogando nos bichos. Se não fizer isso, eles invadem o comércio da gente”, lamenta o comerciante Antônio Alves.

Ele conta que o sal mata os caramujos. Após a morte, os resíduos dos animais são coletados e colocados dentro de um saco plástico.

“Em um dia só chegamos a encher 4 sacolas. Foram quase 15 quilos só de caramujos”, disse.

O comerciante ainda lamenta a ausência de atenção do poder público. Ele conta que a praia sofre com a presença dos moluscos desde 2003 e que a situação sempre piora em período de chuva.

No entanto, segundo Antônio Alves, nenhuma equipe da Prefeitura de João Pessoa foi ao local recentemente para combater os animais.

“Já liguei para diversos órgãos da prefeitura, falei com tanta gente, mas ninguém vem aqui ver esse problema. A gente é que precisa se virar como pode, senão os caramujos invadem tudo mesmo”, desabafa.

Para turistas, a situação também preocupa. “Todo mundo sabe que esses bichos passam doença. É preocupante ver que eles estão aqui, se multiplicando, tomando conta da praia”, declarou Terezinha Souza, que mora em Brasília e está passando férias em João Pessoa.

Segundo o gerente da Vigilância e Zoonoses da Secretaria de Saúde de João Pessoa, Nilton Guedes, o combate ao molusco depende muito do apoio da população. Ele explica que o caramujo é um animal exótico, foi importado da África, para ser inserido na culinária brasileira. No entanto, a experiência não deu certo e os animais acabaram abandonados no meio ambiente, onde se multiplicaram.

Por terem origem africana, eles não têm predadores naturais no Brasil. Também não existe produto químico capaz de extinguir a espécie totalmente. O controle é feito manualmente.

“As pessoas devem proteger as mãos com sacos plásticos ou luvas e, em seguida, pegar esses bichos e os colocar em balde com água e sabão. Por terem respiração pulmonar, eles morrem afogados com água. O sabão serve para evitar que eles subam nas paredes do balde”, conta.

“Após serem mortos, os caramujos devem ser colocados dentro de sacos plásticos e descartados no lixo. A água pode ser jogada no esgoto normalmente”, completa.

Guedes ainda orienta que as pessoas façam a limpeza dos terrenos ocupados por caramujos. É que esses animais se reproduzem com maior facilidade em locais úmidos, sujos e com presença de resíduos que sirvam como abrigos.

“Eles se alimentam de material orgânico em decomposição e precisam ficar escondidos do sol, pois o sol os mata. Por isso, as pessoas devem eliminar todo e qualquer material que possa servir de alimento ou de abrigo”, disse.

“Com a catação e sem fonte de alimento ou abrigo, os caramujos morrem e são eliminados naturalmente de um ambiente”, destaca.

EMLUR INTENSIFICA TRABALHOS

Para amenizar o problema, a Autarquia Especial de Limpeza Urbana de João Pessoa (Emlur) intensificou os trabalhos na orla de João Pessoa. É o que garante o diretor de Varrição e Coleta, Antônio Araújo.

“Temos ações rotineiras no Cabo Branco, não apenas para coleta de lixo, mas também de catação de caramujos. Também evitamos que o lixo fique acumulado naquela área, onde a coleta chega a ser feita 4 vezes por dia”, diz.

No entanto, o diretor observa que leis ambientes interferem no combate aos moluscos, na praia.

“Esses animais ficam escondidos embaixo de vegetação rasteira, mas essa vegetação é intocável. Ela não pode ser retirada e nem sequer roçada. Isso prejudica um pouco nosso trabalho”, observa.

O chefe de Fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente de João Pessoa, Waldir Farias, explica que a praia de Cabo Branco possui dunas e semidunas com vegetação típica e que fazem parte de uma área de preservação ambiental. Por isso, não podem ser desmatadas. No entanto, ele observa que o combate ao molusco pode ser feito por meio de catação manual.

“É de extrema importância que as pessoas protejam as mãos. Esse animal possui parasitas que podem se assolar na medula das pessoas, começar a crescer e causar meningite”, alertou Farias.

RISCO DE DOENÇAS

De acordo com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz, existem duas zoonoses que podem ser transmitidas pelo caramujo africano. Uma é chamada de meningite eosinofílica, causada por um verme (Angiostrongylus cantonensis), que passa pelo sistema nervoso central, antes de se alojar nos pulmões. 

A segunda é a angiostrongilíase abdominal, com casos já registrados no Brasil, mas não transmitidos pelo caramujo africano. A doença, em muitas vezes, é assintomática. No entanto, pode levar ao óbito.

Na Paraíba, de acordo com o gerente da Vigilância e Zoonoses da Secretaria de Saúde de João Pessoa, Nilton Guedes, ainda não houve nenhum registro de doenças transmitidas por caramujos.

COM JORNAL DA PARAÍBA.

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