“O Mundo do Crime Ganhou”, diz Defesa de PMs Réus do Massacre no Carandiru




Depois do julgamento que terminou com a condenação de 25 policiais militares a uma pena de 624 anos de prisão cada um pelas morte de 54 detentos na extinta casa de detenção Carandiru, os membros da promotoria e a advogada de defesa dos PMs condenados comentaram o resultado com a imprensa. 

Para a defensora Ieda Ribeiro de Souza, que vai recorrer da decisão, “o mundo do crime ganhou”. Já para o promotor Fernando Pereira Filho, o Juri Popular representa melhor a opinião da sociedade do que as declarações de internautas em “enquetes de internet”.

“Vai haver recurso”, garantiu Ieda ao deixar o plenário. “Hoje a sociedade perdeu e o mundo do crime ganhou”, afirmou a advogada ao classificar de “doente” a parcela da população que sai às ruas contra o abuso policial. “Quando a sociedade precisa, ela recorre à polícia. Se ela pensa assim [protestando contra a polícia], nós temos uma sociedade doente.”

Não é o que pensa o promotor, que considera o resultado do julgamento um sinal de que “a sociedade não quer mais compactuar com esses crimes”. “A voz da sociedade é dada no Tribunal do Juri, não só em enquetes de internet. O juri fica seis dias ouvindo testemunhas, lendo o processo, acompanhando os debates.” Já para a defensora, o resultado contraria o desejo da população: “vão para a internet: aquilo reflete a sociedade”.

Para os julgamentos que ainda serão agendados, Ieda pretende manter a estratégia utilizada esta semana, quando foi avaliada a responsabilidade de sobre as mortes no 3º pavimento do Pavilhão 9. “A tese será essencialmente a mesma: não existe atribuição coletiva para os crimes, mas como o julgamento é político, não será fácil convencer.”

O promotor lamentou o fato de os réus, embora condenados, tenham o direito de deixarem o Fórum Criminal da Barra Funda pela portada frente, uma vez que lhes é resguardado o direito de aguardar o recurso em liberdade. “Eles foram condenados a 624 anos de prisão, mas saem daqui como se fossem inocentes.”

Por Wanderley Preite Sobrinho (iGSP)

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