Por Zizo Mamede
Há médicos e médicos. E a sociedade brasileira precisa “acordar” para as pretensões corporativistas dos médicos, uma verdadeira casta dentro do serviço público em nosso país.
Os médicos, que têm os melhores salários entre os servidores públicos, invariavelmente, têm muitos vínculos empregatícios e, ao fim e ao cabo, somamremunerações maiores do que as de ministros do Supremo Tribunal Federal e da própria presidenta da República.
Pé no bucho e faca no pescoço
Agora as instituições da corporação médica botam “a faca no pescoço” da sociedade ao exigirem carreira de estado como a solução para a falta de médicos nas periferias das grandes cidades e nos municípios interioranos. Isto é uma falácia.
O Brasil, de fato, tem poucos médicos, apenas dois médicos em relação a cada grupo de mil pessoas. Se considerarmos outros recortes, constatamos que a maioria dos médicos no Brasil trabalha em instituições privadas, para quem tem como pagar do próprio bolso.
As corporações de ofício
As dificuldades que a corporação dos médicos quer impor contra a contratação de médicos estrangeiros é reserva de mercado. E bem ao modo das corporações de ofício nos últimos séculos da idade média européia há mais de 500 anos atrás. – A globalização só convém para facilitar a vida de uns poucos? O turismo de quem pode pagar? A aquisição de carrões para quem pode comprar? Os cursos de pós-graduação nas universidades estrangeiras
Quanto menos médicos melhor para os médicos e pior para o povo.
A ressalva, muito acertada de que os governos precisam fazer mais investimentos em hospitais, UPAs, UBSS e equipamentos, não pode, entretanto, servir de desculpas para a falta de médicos nas regiões mais pobres do brasil.
A falta de profissionais médicos numa infinidade de unidades básicas de saúde, não é por falta de condições materiais de trabalho, é antes de tudo porque querem mais salários e menores jornadas de trabalho. São raros os médicos que atendem o cidadão ou a cidadã conforme está nas normas do Programa Saúde da Família.
Sejam bem vindos, estrangeiros!
Se é preciso formar muito mais médicos e médicas, através de mais cursos e faculdades de medicina – isso demanda um bom tempo – é preciso contratar imediatamente milhares de médicos e isto é urgente. Que venham os médicos estrangeiros, a exemplo do que fazem outros países do mundo.
Se os médicos querem se valorizar cada vez mais como profissionais – e isto todas as demais categorias profissionais também almejam – é imperativo que haja um equilíbrio em relação aos interesses da coletividade.
Na contra mão
O corporativismo das instituições dos médicos está na contra mão e é um obstáculo à reforma sanitária que, a duras penas, está sendo implementada no Brasil nas últimas décadas: saúde é igual à qualidade de vida, inclusive acesso a bons serviços médicos.
Acho estranho que a categoria dos enfermeiros, desprivilegiados em relação aos médicos, embarquem nessa luta dos médicos. A luta dos enfermeiros é outra: valorização profissional, melhores salários e menor jornada de trabalho.
Olho aberto! – as pressões para aumentar o financiamento da saúde pública no Brasil não podem ser direcionadas para favorecer ainda mais a categoria de funcionários públicos que recebem, por vários vínculos, os melhores salários do Brasil.
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