Beleza é esse Cariri Paraibano!


Por Pedro Nunes

ImageFazenda Matarina foi comprada a Artur Santa Cruz em 1915. O novo dono, Antônio Nunes de Farias, resolveu botar uma boiada para escapar da Seca de 15 no pé da imensa serra que ainda hoje tem o mesmo nome: Serra da Matarina. Certa noite, uma onça pintada faminta matou um garrote de 8 arrobas lá embaixo e arrastou o zebu paredão acima. Curioso é que na metade do custoso percurso, o garrote enganchou um dos cascos numa das fissuras geológicas que há no paredão de pedra. A bicha puxou o animal com tamanha força e violência que o casco da presa foi arrancado. Aí, ela, a onça, subiu o paredão e, tranquila, foi se fartar ou fazer seu banquete felino dentro do mato, no topo da serra.

Diego Nunes Valadares, moço saradão e com formação militar, tataraneto do velho AntônioNunes, hoje em dia costuma juntar-se com os primos e arrotam bravatas ao subirem a imensa laje, que forma uma garupa ensolarada e muito íngreme voltada para o nascente. Esses novéis aventureiros seriam muito machos mesmo se tivessem coragem de fazer isso lá pelos idos de 1915... Agora é moleza! Cansa muito, mas não corre perigo de serem devorados pelas pintadas, que elas, (coitadas!) foram todas abatidas pelas mãos perversas dos homens.

Já subi aquele paredão muitas vezes. Estou com 68 pisando na casa dos 69, mas juro, juro por Deus, que ainda tenho força e fôlego para repetir essa maravilhosa aventura algumas vezes e não vai demorar muito.

A fazenda Matarina fica localizada no coração do Cariri paraibano. É um lugar belíssimo! Onde a vista alcança, a gente vê esculturas de pedras gigantes, parecendo obras de deuses invisíveis, teatros de serras e paredões graníteos, no sopé, chapadões e extensas várzeas entremeados cobertas de caatingas, bioma único desse tipo no globo terrestre. Em tanques recobertos de poeira eólica secular, preguiças gigantes fossilizadas há milhões de anos. Vê mesmo quanta emoção!

Lugares ótimos para cavalgadas, trilhas de ciclistas, caminhadas a pé, para quem gosta de observar a fauna e a flora em meio a uma aventura emocionante e inesquecível. Se você quiser ir lá, é de graçafeito água benta em vestíbulo de igreja. Tem paga não. Povo de lá é bom demais. Hospedagem sobra. Fala comigo. Vai!...

Pedro Nunes Filho
*É advogado, escritor e sócio do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco.- IAHGP.

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