Já são quase 30 mil paraibanos que estão deixando as instituições bancárias, por conta de suas altas e múltiplas taxas de serviços e juros, para aderir aos serviços financeiros oferecidos pelas cooperativas de crédito.
A nova modalidade de gerência financeira, que faz do cooperado um sócio e ao mesmo tempo um cliente, está crescendo e se firmando no mercado de crédito da Paraíba. Antes, ele era dominado pelos bancos e financeiras.
As cooperativas de crédito já estão em todo o Estado. Elas se instalaram nas principais cidades como João Pessoa, Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras, onde possuem pontos de atendimentos. Mas estão espalhadas pelos demais municípios que fazem parte desses pólos regionais.Ligadas à Organização das Cooperativas Brasileiras- secção Paraíba (OCB-PB) já são 13 atuando no estado da Paraíba. São elas a Unicred (uma Central com quatro cooperativas), a Sicoob (que possui um conjunto de seis outras cooperativas e mais uma em processo de implantação), a FederalCred, a Credjust e a Cooperlegis.
O presidente da OCB-PB, André Paceli, explicou que as cooperativas oferecem serviços de banco, a exemplo de conta corrente e poupança, cartões de crédito, empréstimos consignados e financiamentos e possui o diferencial atrativo de oferecer taxas de juros bem mais baixas e não cobrar tarifas pelos serviços, além de que as sobras, ou seja, os lucros retornam aos cooperados.
“Isso quer dizer que, além de ser cliente, o cooperado também é sócio do empreendimento, por isso no final do exercício anual, o lucro retorna para os associados”.
Paceli informou que os cooperados podem contribuir com uma cota mínima ou máxima. Eles também participam das eleições para os gestores do empreendimento. O voto de todos tem peso igual.
Toda dinâmica das cooperativas é fiscalizada e acompanhada pelo Banco Central do Brasil que dá a autorização de funcionamento para os empreendimentos.
Paceli disse que o Banco Central tem exigido a qualificação dos gestores e no ano passado a OCB-PB realizou o 1º Encontro das Cooperativas de Crédito onde foram discutidas novas formas de gestão e qualificação e ainda a segurança em relação às transações financeiras.
“Nós estamos planejando um novo encontro para este ano, com o objetivo de fortalecer a atividade do crédito cooperado e avançarmos nas questões pertinentes aos grupos”, completou.
As taxas de juros cobradas pelas cooperativas ficam abaixo das dos bancos. Elas são calculadas de acordo com base nos custos administrativos e na taxa de inadimplência. De acordo com informações do conselheiro da OCB-PB, Rubens Reinaldo Barreto Filho, outra vantagem das cooperativas é que elas não cobram as taxas de serviços como as de abertura de financiamento, por exemplo, nem as de impostos como o IOF (Imposto sob Operações Financeiras). "As cooperativas são isentas de impostos como IOF, por isso os impostos não são cobrados durante as operações financeiras", completou.
Rubens, que também é gerente da Unicred-JP, informou que a taxa de inadimplência na cooperativa é bem menor que as dos bancos. Ele informou que enquanto nos bancos, a inadimplência fica em torno dos 8 a 9 por cento, nas cooperativas ela fica em torno de 1,5."O objetivo final não é o lucro, por isso as taxas são mais baixas. O valor das taxas varia de acordo com o tipo de transação financeira e se o associado tiver outras formas de investimento na cooperativa, elas podem ficar ainda mais baratas".
A maior cooperativa com atuação no Estado é a Unicred, com quase 20 mil associados. Ela está entre as 30 maiores do País. A Unicred reúne quatro cooperativas: a Unicred João Pessoa, a Unicred Campina Grande, a Unicred Alto Sertão e a Creduni.A segunda maior é a Sicoob com cerca de 5 mil cooperados. Ela possui seis cooperativas já implantadas e uma em processo de implantação: a Certel, a Coopercret, a Cooprev, a Creds, a CoopSebrae e a CG Cred. A Sicoob Espinharas é mais uma cooperativa que está sendo implantada, aumentando a área de atuação para a Região polarizada por Patos, no Sertão do Estado.
As demais cooperativas ligadas à OCB-PB são a FederalCred (Cooperativa de Crédito dos Policiais Federais) com 1.441 cooperados e atuação em João Pessoa; Cooperlegis (Cooperativa de Crédito Mútuo dos Funcionários da Assembleia Legislativa) com 1.111 cooperados e atuação também em João Pessoa; e ainda a CredJust (Cooperativa de Crédito Mútuo dos Servidores da Justiça do Trabalho em João Pessoa, Campina Grande e Varas
Circunvizinhas) com 700 cooperados. Os dados sobre as cooperativas são de outubro e dezembro de 2012.
Mais antiga tem 20 anos
A Cooperativa mais antiga em atuação no Estado é a Cooperlegis, a Cooperativa de Crédito Mútuo dos Funcionários da Assembléia Legislativa da Paraíba. Ela foi criada no dia 8 de outubro de 1982.
O gestor da Cooperlegis, Nelson Araújo, disse que a instituição é um sistema fechado, que oferece serviços financeiros somente aos funcionários da Assembléia Legislativa. Ele considera o sistema fechado mais seguro para as transações financeiras.
“Uma resolução do Banco Central determina que as cooperativas podem abrir espaço para outros grupos da sociedade, mas acreditamos que essa abertura pode trazer riscos muito grandes em relação à inadimplência”, analisou.
Já a cooperativa das Espinharas, ligada à Sicoob, que está em processo de criação no Sertão do Estado, está ligada ao setor do comércio.
De acordo com informações de um dos sócios-fundadores, o empresário João Batista Lopes, participam da criação da cooperativa das Espinharas a Associação Comercial de Patos, o Sindicato do Comércio Varejista e o Clube de Diretores Lojistas da Cidade.
João Batista explicou que a Sicoob Espinharas vai atuar na Região Metropolitana de Patos, compreendendo as cidades de Areia de Baraúnas, Cacimba de Areia, Cacimbas, Catingueira, Condado, Desterro, Emas, Junco do Seridó, Mãe D’água, Malta, Maturéia, Passagem, Quixaba, Salgadinho,Santa Luzia, Santa Terezinha, São José de Espinharas, São José do Bonfim, São Mamede, Teixeira, Várzea e Vista Serrana.
João Batista informou, ainda, que a cooperativa das Espinharas será aberta a empreendedores individuais, microempresários, empresas de pequeno e médio portes, familiares de empresários e funcionários das empresas associadas. A previsão é de que a instituição financeira já esteja em pleno atendimento ainda no primeiro semestre deste ano. Ele informou, ainda, que os interessados em fazer parte da cooperativa podem procurar as suas entidades de classe e obter mais informações sobre a adesão.
Confirma algumas diferenças entre cooperativas de crédito e bancos
- As cooperativas de crédito são sociedades de pessoas e não de capital, em que o poder de decisão está na efetiva participação dos sócios e não na detenção de quotas de capital social na instituição;
- As cooperativas de crédito têm como objetivo a captação e administração de poupanças, empréstimos e prestação de serviços aos cooperados, independentemente da idéia de, como pessoa jurídica, obter vantagens para si, em detrimento do resultado do sócio. Este é ao mesmo tempo dono e cliente;
- Suas operações estão restritas ao quadro associativo que é constituído de pessoas físicas e jurídicas;
- Os resultados (sobras) são distribuídos entre os sócios, proporcionalmente ao volume de operações que realizaram durante o exercício;
- Nas cooperativas o controle é democrático (1 pessoa = 1 voto), enquanto nos bancos o controle é exercido a partir da participação do capital.
- As relações obrigacionais entre sócio e cooperativas não se confundem com a de fornecedor e consumidor, pois estas são caracterizadas como atos cooperativos, com tratamento próprio na legislação cooperativista;
-É vedada a transferência de quotas-partes (capital social) a terceiros, enquanto que nos bancos a transferência do capital (ações) pode ser feita livremente (bolsas de valores).
- Sobre o resultado não incide tributação (Imposto de Renda e Contribuição Social (CSSL), em face da tributação se dar na pessoa física do associado.
(Fonte: Portal do Cooperativismo de Crédito)
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