Há 45 anos, a morte do estudante Edson Luís mobilizou o país



Edson Luís Lima Souto foi assassinado por um soldado da PM, com um tiro no peito, em 28 de março de 1968 (Acervo da Biblioteca Nacional)

Há 45 anos, o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, então com 17 anos, foi morto pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. Edson era um dos 300 estudantes que jantavam no restaurante estudantil do Calabouço no final da tarde de 28 de março de 1968 quando o local foi invadido por policiais, em meio à tensão do quarto ano da Ditadura Militar no Brasil.

A mobilização em torno da morte do estudante foi o estopim para a primeira grande manifestação pública daquele ano, que culminaria três meses depois na Marcha dos 100 mil. O evento foi um dos principais protestos contra a Ditadura Militar. O aumento das manifestações públicas levaram a um endurecimento por parte do governo Costa e Silva naquele ano que culminou com a edição do Ato Institucional 5 (AI-5). As imagens do enterro de Edson Luís feitas pelo cineasta Eduardo Escorel foram recuperadas recentemente e podem virar um documentário. O filme se extraviou e ficou perdido durante quarenta anos. Em 2008 o material foi recuperado e agora os 12 minutos de imagens em preto e branco estão guardados na Cinemateca Brasileira.

O velório e o enterro do  estudante foram transformados em ato político. Cerca de 50 mil pessoas acompanharam o trajeto do corpo da Assembleia Legislativa do Rio, onde foi velado, até o Cemitério São João Batista, onde aconteceu o enterro. “Pode-se dizer que tudo começou ali - se é que se pode determinar o começo ou o fim de algum processo histórico. De qualquer maneira foi o primeiro  acontecimento que sensibilizou a opinião pública para o movimento estudantil”, escreveu Zuenir Ventura no livro 1968 O ano que não terminou. Já Eduardo Escorel lembra o acontecimento como “um momento de um ano muito conturbado” e considera que teve um “lado meio cruel”. “Em retrospecto a gente se pergunta a legitimidade disso, ele [Edson Luís] virou quase um objeto”, afirma.

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