Mais de um ano depois de sua última visita a Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff volta ao estado para encontrar um cenário totalmente diferente do que foi encontrado quando esteve no estado em fevereiro de 2012. Na ocasião, Dilma passou dois dias no sertão do Estado acompanhando o problema da seca.
Na época, o governador Eduardo Campos era apoiador incondicional da presidente, e a acompanhou ao longo de sua visita. Hoje, porém, o discurso de Eduardo é outro, e ele conseguiu ganhar grande mídia ao contestar publicamente decisões do governo federal.
Campos é dado como nome praticamente certo na corrida à Presidência em 2014. Por isso, é grande a expectativa no meio político para os discursos que Eduardo e Dilma farão ao público. Em Pernambuco, a presidente irá até Serra Talhada (414 km do Recife) para inaugurar um trecho da adutora do Pajeú, que atende a 80 mil famílias no sertão pernambucano.
Além dos chefes do Executivo, o evento terá a presença do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, que é do PSB, foi indicado por Campos para a pasta e já teve seu nome cotado, inclusive, para a sucessão de Eduardo em Pernambuco.
Dilma também iria a Recife, onde iria inaugurar um dos lote das obras de duplicação da BR-408, mas cancelou a visita para ir ate o Rio Janeiro, para visitar as cidades atingidas pelas chuvas.
Tom das críticas sobe
Nas últimas semanas, Eduardo Campos tem deixado cada vez mais claro seu interesse em disputar a Presidência no próximo ano. Prova disso é que participa de eventos --especialmente com empresários do Sudeste (considerado o ponto fraco do governo petista)-- para aumentar a popularidades, e, ao mesmo tempo, aumenta o tom das críticas à presidente Dilma.
Eduardo não esconde mais que mudou de lado. Nas últimas semanas, ele críticou o "lançamento" antecipado da campanha de reeleição de Dilma Rousseff pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a MP (Medida Provisória) dos Portos e o mal desempenho da economia em 2012. Em encontro com empresários paulistas, no último dia 14, ele afirmou que "dá para fazer muito mais" que a presidente Dilma Rousseff.
No último dia 15, resolveu se encontrar secretamente com o tucano José Serra, a quem fez elogios. "Esse campo em que Serra sempre militou é um campo mais próximo do nosso campo político do que muita gente que está conosco e esteve conosco na base de sustentação do presidente Lula. Todo mundo sabe disso", afirmou o governador, na ocasião.
Campos também flerta com PTB e DEM, que são aliados do governo em Pernambuco. Nas entrevistas, porém, ele despista quando o assunto é candidatura e deixa sempre claro que não vai lançar seu nome em 2013. "Este é um ano complexo para o Brasil, que não precisa de ninguém agora montando palanque, nem daquela velha rinha discutindo o passado, coisas que não dialogam com a pauta do povo. Não é possível eleitoralizar a política brasileira tanto assim. Essa é minha opinião", disse em Gravatá (90 km do Recife), no último dia 21 de fevereiro.
"Amigo"
Já Dilma tem evitado falar sobre 2014. as últimas visitas que fez ao Nordeste evitou dar entrevistas coletivas e não citou Eduardo Campos nenhuma vez. Coube então ao ex-presidente Lula comentar que vai tentar demover Campos da candidatura cada vez mais sólida.
"Todo sabe que sou muito amigo do Eduardo. O meu papel é tentar fazer todo o esforço para que a gente fique junto. Eu não conversei com Eduardo esse ano, teve a questão das férias. Mas agora vou voltar a conversar. Eu acho que nós temos de construir uma aliança muito forte. O Eduardo é uma personalidade que pode desejar qualquer coisa nesse país", disse no início do mês, em Fortaleza, durante encontro do Diretório Nacional do PT.
Pesquisa
As constantes aparições na mídia nos últimos dias tiveram impacto na corrida pela sucessão dos dois prováveis candidatos à Presidência, especialmente para o governador pernambucano que, aos poucos, vai ganhando "fama" pelo país.
Segundo pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira (22), Dilma cresceu nas intenções de voto. A presidente chegou a 58% das intenções (contra 54% da última pesquisa, em 12 de dezembro de 2012). Já Eduardo Campo oscilou dentro do limite da margem de 4% para 6%.
Marina Silva (Rede) e Aécio Neves (PSDB) também oscilaram dois pontos percentuais para menos e agora têm 16% e 10% das intenções de voto, respectivamente.
Paraíba Já com AF
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