Correios param pela segunda vez em quatro meses

Enquanto durar o movimento, cerca de 350 mil correspondências deixarão de ser entregues por dia


Funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) decretaram ontem uma greve por tempo indeterminado na Paraíba. A categoria, composta por 1.650 profissionais no Estado, está protestando contra o descumprimento de um acordo feito em setembro do ano passado, quando a categoria encerrou um movimento grevista que durou quase um mês. Os profissionais alegam que, na época, a ECT se comprometeu em manter o plano de saúde da categoria, mas desobedeceu ao combinado já no mês de dezembro.

Os grevistas explicam que o acordo foi firmado durante audiência no Tribunal Superior do Trabalho (TST) e querem pressionar a Corte a adotar uma medida contra a ECT.

Enquanto durar o movimento, cerca de 350 mil correspondências deixarão de ser entregues por dia na Paraíba, segundo estimativa do sindicato dos funcionários. Já a Diretoria Regional dos Correios no Estado garante que o serviço está normal.

De acordo com o secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos da Paraíba (Sintec-PB), Emanuel de Souza Santos, a mobilização está ocorrendo em várias regiões do Brasil. O sindicalista lembrou que os trabalhadores encerraram uma greve em setembro de 2013, após 27 dias de mobilização. Na época, um dos acordos firmados era que a operadora do plano de saúde dos funcionários não fosse substituída, antes de uma série de negociações junto com os servidores. Essa condição foi determinada até pelo TST. No entanto, de acordo com Emanuel Souza, a ECT descumpriu o pacto em dezembro de 2013.

O sindicalista destacou que a gestão dos planos de saúde, antes da mudança, era feita por um fundo pertencente à própria ECT. Com isso, o servidor pagava quantias que variavam de 10% a 20% da remuneração. O funcionário ainda poderia inserir dependentes e só pagava pelo serviço no mês em que usasse o atendimento médico.

“Com a privatização, haverá prejuízo para os trabalhadores.

Agora, eles terão que pagar todos os meses, independente de usar ou não. E ainda terão que pagar os valores de mercado.

Ou seja, se precisarem colocar esposa, filhos e pais como dependentes, terão que arcar, em média, R$ 200 por cada um deles, por mês. Vão ter que pagar mesmo no mês em que não usarem o plano. Isso é inviável, porque os trabalhadores ganham em média R$ 1.800,00”, disse.

Além de pressionar o TST a tomar medidas contra a ECT, os servidores querem que a entrega de correspondências seja feita no horário da manhã.

ECT

Por meio da assessoria de imprensa, a Diretoria Regional dos Correios na Paraíba informou que já elaborou um plano de contingência para reduzir os transtornos causados à população com a greve.

“Caso a greve continue amanhã (hoje), será utilizado o recurso da jornada extraordinária (hora extra), para a área operacional (distribuição postal), já que na área de atendimento (atendentes comerciais, nas agências) não chega a 10 o número de empregados que aderiu à paralisação”, informou por e-mail.

Através de nota, a empresa ainda acrescentou que a paralisação recebeu o apoio da minoria dos servidores. “Na Paraíba, aproximadamente 88% do efetivo de quase 1.650 empregados estão trabalhando. Entre os empregados que aderiram à paralisação em todo o Estado, a maioria é de carteiros, com concentração em unidades de distribuição de João Pessoa”, informou a nota.

Ainda de acordo com a empresa, todas as agências dos Correios estão abertas, com exceção da unidade instalada no bairro de Mangabeira, em João Pessoa, onde está ocorrendo piquete. “A empresa tomará as medidas jurídicas cabíveis para liberar o acesso dos clientes à agência”, afirmou a nota.

Contrariando o que disse o sindicato, a Diretoria Regional dos Correios na Paraíba garantiu que todos os serviços estão disponíveis e que a entrega de cartas e encomendas não sofreu interrupções. Segundo a instituição, 20 dos 35 sindicatos dos Correios existentes no país não deflagraram greve e, nas localidades onde há o movimento, os Correios estão implantando os planos de contingência para garantir o funcionamento.

“A empresa tem se reunido mensalmente com os representantes dos trabalhadores de todo o Brasil na Mesa Nacional de Negociação Permanente. Assim, não há justificativa para paralisações que não representam a vontade da maioria dos empregados dos Correios. As assembleias realizadas ontem pelos 14 sindicatos contaram com a presença de apenas 1,32% do efetivo da empresa”, disse a ECT, em nota.

Com relação aos planos de saúde, os Correios afirmaram que estão cumprido o que foi definido pelo TST e que todos os benefícios previstos em lei estão sendo garantidos aos trabalhadores e aos dependentes cadastrados. A Diretoria Regional da Paraíba ainda acrescentou que não estão mantidas as porcentagens de compartilhamento, a rede credenciada de atendimento, a cobertura de procedimentos e a não cobrança de mensalidades ou tarifas. (Colaborou Isabela Alencar)

JP

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